terça-feira, 5 de junho de 2012


1949: Refugiados aterrissam em Paranavaí

Em ato solidário, população local ajudou a evitar tragédia envolvendo tripulação norte-americana e passageiros mongóis
No dia 23 de novembro de 1949, a população de Paranavaí ajudou a evitar um acidente; contribuiu para a aterrissagem de um avião militar bastante utilizado na Segunda Guerra Mundial. A aeronave de proporções inimagináveis transportava nômades mongóis, refugiados da opressão comunista sob influência soviética e chinesa, e tinha como destino a cidade de Assunção no Paraguai.

Estava anoitecendo quando alguns moradores olharam para o céu e viram um avião circulando. “Provavelmente o piloto viu as luzes da cidade e ficou rodando até encontrar uma solução. Naquele momento, ele não tinha outro recurso”, conta o médico e testemunha Otávio Siqueira Neto.

A partir das luzes da aeronave, a população percebeu que estavam com problemas; precisavam de ajuda para encontrar uma pista de pouso. Solidários com a situação dos desconhecidos, os freqüentadores do Bar Líder foram os primeiros a tomar uma atitude. “Meu pai Otávio Marques de Siqueira, Hermeto Botelho, Andrelino Rocha, Durvalino Moreira e Luiz Lorenzetti pegaram os poucos automóveis e caminhões que tínhamos na cidade e foram direto para o aeroporto”, lembra Siqueira Neto.

Em menos de dez minutos, todos os veículos contornaram o campo do aeroporto com os faróis ligados. Uma atitude bastante simples que foi determinante para o avião aterrissar em segurança. “Lá de cima, o piloto conseguiu enxergar a pista e depois fazer uma descida perfeita”, avalia o médico.  

Surpresa com o tamanho da aeronave, a população a cerca. (Crédito: Reprodução)

Em menos de dez minutos, todos os veículos contornaram o campo do aeroporto com os faróis ligados. Uma atitude bastante simples que foi determinante para o avião aterrissar em segurança. “Lá de cima, o piloto conseguiu enxergar a pista e depois fazer uma descida perfeita”, avalia o médico.  

Em terra firme, o piloto estadunidense da Organização das Nações Unidas (ONU) os informou que teve pouca visibilidade em função do mau tempo. Contudo, enquanto circulou sobre a cidade, a sua maior preocupação era ficar sem combustível.

Todas as testemunhas consideraram heróica a aterrissagem, ainda mais em uma época que um piloto não dispunha de seguros recursos aeronáuticos, principalmente se tratando de sinalizações. Era bastante comum uma situação de perigo durante o vôo, caso surgisse qualquer imprevisto. “Mas ainda bem que deu tudo certo”, reitera Otávio Siqueira.

Naquele ano, o aeroporto de Paranavaí ainda não possuía uma boa estrutura e a pista se resumia a um gramado ladeado por pastagens. “O Edu Chaves era onde é hoje o Colégio Estadual. Era tudo muito precário. Claro que se comparado com um aeroporto de capital, porque na maior parte das cidades do interior aquele era o padrão”, frisa o pioneiro Ephraim Machado.

O avião que tinha capacidade para 120 passageiros foi comandado por uma tripulação de oito estadunidenses designados a cumprir uma ordem da ONU; levar os 74 passageiros asiáticos para a capital paraguaia, onde receberiam asilo e reconstruiriam suas vidas.
Curiosos aguardam saída da tripulação norte-americana e dos passageiros mongóis. (Crédito: Reprodução)

Douglas DC-4 ganhou o céu depois de uma semana

O pioneiro Ephraim Machado ainda lembra como foi difícil se comunicar com os nômades mongóis. “Como nenhum deles falava inglês e todo mundo estava curioso, fomos atrás de um pescador que vivia próximo ao Rio Paraná. Ele era de origem mongol e poderia intermediar a conversa”, enfatiza.

Em 1949, Paranavaí não tinha mais do que 10 mil habitantes, e conforto era uma palavra que ainda não fazia parte da realidade. Por isso, as acomodações para os passageiros tiveram de ser improvisadas. “Não havia hotéis o suficiente na cidade. Então como meu pai era o diretor do Hospital do Estado (atual Praça da Xícara), ele resolveu hospedar os passageiros lá mesmo. Minha mãe se responsabilizava pelas refeições deles e tudo o mais”, explica o médico Otávio Siqueira Neto.
Avião Douglas DC-4 atolado no antigo Aeroporto Edu Chaves (Crédito: Reprodução)

Saiba mais

Os nômades eram vistos pelo governo mongol como um câncer que corrompia o modelo desenvolvimentista. Por isso, foram perseguidos durante décadas; milhares foram presos e executados.

O comunismo foi instaurado na Mongólia em 1924.

A Mongólia se resume a planaltos, e está situada no interior da Ásia Central, entre a China e a Rússia.

A fama dos mongóis se deve aos seus grandes feitos no século XVII, principalmente o domínio da Eurásia sob liderança do conquistador Genghis Khan.

Os animais nativos da Mongólia, dotados de pele nobre, atraem caçadores do mundo todo.




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